terça-feira, 10 de novembro de 2015

História da Guitarra Elétrica

Quantos momentos e artistas da música da segunda metade do Século XX você consegue imaginar? 

Agora perceba que a maior parte destes personagens possuem uma guitarra como um instrumento fundamental para seu som. 
Em pouco tempo após sua criação a guitarra transformou-se no mais popular e importante instrumento para a cultura musical da metade do século passado, não apenas por seu som, mas também por sua beleza e pela identidade passada por aqueles que a empunham. Assim, resolvi realizar uma pequena revisão de literatura acerca do surgimento da guitarra.

A guitarra elétrica surgiu nos Estados Unidos da necessidade de amplificar o som do violão para utilização como instrumento de acompanhamento em orquestras no começo do século XX (Prado, 2007). A partir de 1920 as invenções nesta direção são iniciadas, primeiro com os violões de Christian Frederick Martin e os violões ressonadores dos irmãos Dopera, os chamados “Dobro”, onde um disco metálico transmitia a vibração das cordas, criando um som metálico e com mais volume que os instrumentos convencionais (Denyer, 1982 e Borda, 2005).

A partir do trabalho do engenheiro e luthier Lloyd Loar na Gibson, em meados de 1920, com captadores magnéticos, dispositivo embutido no tampo do instrumento capaz de transformar as vibrações das cordas em impulsos eletromagnéticos para finalmente terem estes impulsos novamente transformados em som por um amplificador, chegou-se ao que se conhece hoje como “guitarra semi-acústica”. Entretanto, problemas com a microfonia resultante da vibração do corpo pelo som amplificado, era constante. Assim, devido a grande popularidade da música havaiana nos EUA nas décadas de 20 e 30, Goerge Beauchamp e Adolph Rickembacker em 1931 desenvolvem os primeiros modelos maciços de guitarra havaiana, feitas com um corpo de alumínio (Denyer,1982).


Foto: Lloyd Loar
Fonte: www.mandolincafe.com

Em 1944, Leo Fender e “Doc” Kauffman, ex-empregado de Rickembacker, criam a K&F, uma fábrica de amplificadores e steel guitars. Leo Fender, ao testar um modelo mais leve de captador, montou-o numa guitarra havaiana maciça, mas com trastes. Este protótipo de demonstração dos captadores, acabou se popularizando entre os músicos profissionais de country (Denyer, 1982).

Na mesma época, o músico e inventor Les Paul fazia experimentos, com captadores, e inspirando-se no violino maciço de Thomas Edison, constrói em 1941 na oficina da fábrica Epiphone a ilustre guitarra “log” (tora). Les Paul cortou ao meio um violão Epiphone de bocas em f e inseriu no corpo um bloco de 10 por 10 cm de madeira, sobre o qual montou dois captadores e um braço Gibson. Surgindo assim, a primeira guitarra elétrica "verdadeira" (Denyer, 1982).


Imagem: Les Paul e sua guitarra "Log".


Em 1947, Paul Bigsby em parceria com o guitarrista Merle Travis construiu uma guitarra elétrica maciça. Este instrumento guarda grandes semelhanças com os modelos popularizados por Les Paul, em 1950, e Fender, em 1948: o formato do corpo, o modo como as cordas passavam através desta, o headstock, com as seis tarraxas de um só lado. Bigsby e Travis construíram sua guitarra em Downey, Califórnia, não muito longe de Fender, em Fullerton. Isso gerou uma série de controvérsias sobre quem teria copiado quem. Fender certamente não fez segredo sobre suas pesquisas e foi visitado por Les Paul e outros (Denyer, 1982; Lopes, 2007).


Imagem: Merle Travis e sua guitarra maciça.
Fonte: claescaster.com

Quando Leo Fender desfez a sociedade com “Doc” Kauffman, passou a fazer outro instrumento, com um som limpo, mas sem os problemas de de microfonia das guitarras de então. O resultado foi a Broadcaster, depois renomeada de Telecaster em 1948. Esta guitarra tinha vários aspectos que faziam dela uma guitarra única: braço desmontável, headstock com as cordas viradas para um lado só, dois captadores de bobina simples e um som cristalino. Mas quando Fender lançou mais tarde, em 1954, a Stratocaster, havia neste instrumento muitas coisas que faziam dela uma guitarra revolucionária: um corpo (sólido) desenhado para oferecer o máximo conforto, um sistema de alavanca de trêmolo muito superior aos da época e três captadores. As Stratocaster se transformaram num padrão praticamente inalterado de design de guitarras, que inspirou fabricantes de guitarras até os dias atuais (Denyer, 1982; Lopes, 2007).


Imagem: Telecaster
Fonte: Fretboardjournal.com

Depois do lançamento da Broadcaster, a Gibson passou a se interessar por guitarras elétricas maciças, em grande parte por causa de Les Paul. Em 1950, a companhia convidou-o a assinar um contrato no qual receberia um “royalty” por cada guitarra que levasse seu nome. Les Paul queria que suas guitarras tivessem uma sustentação natural de 20 segundos, por isso são tão pesadas: elas têm um corpo de mogno sólido com um tampo de maple de 12 mm de espessura (Denyer, 1982; Lopes, 2007).

Devido a grande quantidade de ruídos nos captadores singles que incomodava bastante músicos da época. Levou o engenheiro da Gibson Seth Lover, em 1955, a desenvolver os captadores “humbuckers”, e  instalá-los na maioria de suas guitarras (Denyer, 1982; Lopes, 2007).



Imagem: Gibson 1950
Fonte: uniqueguitar.blogspot.com


No fim dos anos 1950, a Gibson decidiu investir em designs novos. Daí surgem os modelos SG (um protótipo que Les Paul se recusou a assinar), Explorer, Flying V e Firebird, que se tornaram modelos muito populares entre os guitarristas de “heavy metal” nos anos 1980 (Denyer, 1982; Lopes, 2007).

Praticamente até os dias atuais estas guitarras e modelos ainda influenciam guitarristas, fabricantes, designers, luthiers...eu...vc...

Portanto, não tenham medo de inovar e colocar a sua personalidade na guitarra, tanto na forma de tocar quanto no design do instrumento, seja único, singular, diferente, pois assim você será eternamente lembrado. Fica a dica! Abraços!





Referências

BORDA, Rogério. Por uma proposta de curso superior em guitarra elétrica, 2005. Dissertação (Mestrado em Música) Programa de Pós-Graduação em Música, Centro de Letras e Artes, Universidade do Rio de Janeiro.

DENYER, Ralph. Toque (“The Guitar Handbook”). Rio de Janeiro: Rio Gráfica Editora, 1982.

LOPES, Rogério. Guitarra elétrica: uma discussão sobre sua aceitação na academia e sua relação com a identidade brasileira.2007. Monografia (Licenciatura Plena em Educação Artística_ Habilitação em Música) – Instituto Villa-Lobos, Centro de Letras e Artes, Universidade do Rio de Janeiro

PRADO, Marco. A história da guitarra. Cover Guitarra. São Paulo, No 151, Julho de 2007.


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